sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dinamarca dá o exemplo



Milagre foi o que fez a Universidade de Brasília. Pacientemente, ela conseguiu examinar em cartórios brasileiros 180 mil certidões de nascimento e constatar que, deste total, 54 mil brasileiros vieram à luz do mundo sem que nos seus certificados constasse o nome do pai, ou melhor, do progenitor. Sem dúvida que isto demonstra um crescente descompromisso social com o elo familiar e como sociedade nacional. E tudo já começa mal por aí.
De outro lado, acirraram-se as discussões sobre a gravíssima questão da inadequação educacional nas escolas brasileiras públicas e privadas. Joga-se em cima das escolas toda a culpa do pouco rendimento escolar das crianças, o que leva a UNESCO a publicar levantamentos questionáveis, mas oportunos, sobre o rendimento escolar brasileiro em todos os seus níveis. E as provas regulares do Ministério da Educação comprovam isso.
Desde alguns anos, na condição de escritor e pesquisador, passei a participar de aulas que incluem assistência social no bairro Logradouro, em Guaíba, RS, por iniciativa do Lar Irmã Esther. Segundo nos declarou um ex-prefeito da cidade, sobrevivem no município com pouco mais de 100 mil habitantes, mais de 40 vilas ou aglomerados humanos desprotegidos. De forma que as pesquisa sociais atuais refletem uma situação típica das populações desfavorecidas no Brasil.
Na Sede que funciona na vila anteriormente citada, em média são 40 crianças atendidas, e a razão principal desse atendimento é que, apesar do programa bolsa-família do Governo Federal, a comida é insuficiente nos seus lares. Simplesmente, elas sentem fome. A pedagoga Ana Tereza os atende com aulas de artesanato, canto, teatralizações e declamações poéticas sobre visualizações infantis. Além do almoço diário, outras pessoas que formam uma pequena rede de colaboradores também participam do programa assistencial. Há razoável troca de informações entre o nosso pessoal da equipe, as crianças e os pais ou responsáveis por elas. Em anos continuados de atendimento o que dá para perceber é o vazio que sentem no convívio de seus lares ou moradias. Muitos deles moram com padrastos ou avós divorciadas ou viúvas. Todos os aluninhos sonham esperançosos e já um tanto apreensivos diante do futuro que os aguarda.


Apreensão diante do futuro

Tenho acompanhado pela mídia os debates sobre a situação da educação nas escolas e as reformas que se pretende fazer. Ainda não vi nenhum plano capaz de resolver o problema da formação integral da criança brasileira.
Não é realista o enfoque que pretende passar às escolas a responsabilidade sobre a formação moral da criança. Quem deve dar essa formação é a família e não a escola. Freud, Jung, Jean Jaques Rousseau, Piaget e outros grandes educadores foram enfáticos em afirmar que é crucial e insubstituível a formação moral da criança, primeiramente, dentro do Lar, ou seja no seio de sua família.
Mas, e quando a criança não tem lar, ou sobrevive em situações de miserabilidade?
Refletindo sobre essa questão: não se constrói uma casa começando pelo 2° andar. Se há corrosão ou desintegração nos laços familiares a educação não deve ser interrompida. O problema é complicado porque depende de decisão política dos governantes. É preciso reestruturar a família, mesmo que isto por vezes encontre grandes obstáculos. Precisamos voltar às escolas de tempo integral, contribuição imprescindível para compensar o que um lar desestruturado não consegue dar. A Petrobrás, oitava entre as maiores empresas do mundo, com seu orçamento suntuoso, poderia distribuir alguns bilhões num projeto do tipo: “Erga-se Brasil”, principalmente investindo maciçamente em educação infantil. Recursos a pátria brasileira tem, o que ainda não tem são administradores que entendam ser a criança o principal investimento Nacional. Não foi debalde que Jesus disse: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as maltrateis!”
Para tomar uma nação como exemplo, citamos a Dinamarca, país escandinavo do norte da Europa. Lá pelo século VIII surgiram naqueles países escandinavos os Vikings, navegadores, comerciantes e piratas. Desde a derrocada causada pelas tropas de Hitler em 1940, a Dinamarca saiu desses tempos amargos, organizando-se como povo independente e progressista lúcido. Apesar da sua relativamente pequena dimensão na Europa, a Dinamarca é um país de vasta cultura. O gabinete governamental da Dinamarca atualmente investe mais de 50% de seu PIB nacional em educação e proteção aos seus ideais de educação humana, formando cidadãos produtivos e fraternos. Sua Taxa de alfabetização é de 99%. Eles não tem petróleo, poucas são as terras férteis, num clima desfavorável as nevascas e geleiras. Eles são exemplo a seguir na Europa e poderiam servir de inspiração para todos nós.

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