quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Confissão de uma freira

Tempos atrás contei sobre a viagem que fizemos, minha mãe Esther e eu, até Jerusalém, Jericó e Neguef, mas quero contar também o diálogo que mantive com uma freira católica, com aproximados 70 anos de vida, funcionária do Vaticano na Basílica da Ressureição. 
Nós tínhamos visitado o Santo Sepulcro, quando um sacerdote armênio, postado com uma bandeja ao lado do local que teria sido o túmulo de Jesus, recolhia donativos junto aos turistas. Pois bem, quando saímos do templo pelo corredor interno que dá para a rua, paramos em uma pequena loja de souvenires, onde eram vendidos rosários e crucifixos, quando uma freira nos atendeu. Para júbilo nosso a religiosa era brasileira e, ainda melhor - gaúcha de Santa Maria/RS.
Não sei se a simpática freira ainda existe, provavelmente não. Da religiosa não tive mais notícias. A conversa reconstruída pela memória está exposta nas linhas abaixo: 
Eu lhe perguntei: “- Afinal, por que essas 3 religiões – islamismo, judaísmo e catolicismo – não conseguem se entender?”
Resumidamente ela respondeu-me olhando para os lados, para trás e para a frente, examinando se não havia ninguém à escuta: 
“- Aqui meu caro é assim: os Judeus odeiam os palestinos, os palestinos odeiam os Judeus, e os católicos temos medo dos dois. É um clima constantemente tenso. A guerra não existe só por territórios, os religiosos não se entendem entre si. Enquanto houver guerreiros, arsenais e bombas não haverá Paz. O coração das pessoas não deve ser guerreiro ou intolerante. Vivi e envelheci buscando ser a Paz de Jesus. Ninguém deve dizer-se religioso se não segue as leis de Deus, qualquer que seja o credo escolhido.”
Ai de ti Jerusalém que não honraste o Cristo
E ela continuou: 
“- Os povos só irão se harmonizar no dia que aceitarem o Evangelho de Jesus. Sei que substituir esse ódio pelo amor exige tempo, provações e despertamento das multidões para a realidade ante a certeza interior da imortalidade da alma após a morte. O que me aconteceu de melhor nesses anos em que estou em Jerusalém é que só aqui, refletindo nos lugares em que Jesus peregrinou na Terra, encontrei-me comigo mesma e com Deus. Estou com 70 anos minha saúde é frágil, mas minha mente está mais lúcida na fé e meu coração está com Deus. Passaram-se 2.000 anos e o mundo ainda não recebeu Jesus. Na minha humilde opinião acho que só depois do terrível conflito mundial com devastação inimaginável que nos espera, os povos despertarão pela dor, e isso foi previsto por Cristo, mas não será o fim do mundo e sim estágio de purificação. Ninguém quer ceder e a paz só se consegue através de concessões das partes. Por aqui transitam muitos visitantes, mas poucos têm uma fé espiritual. Jerusalém é sede mundial do turismo financeiro e lúdico. Não sei como isto vai acabar, mas sei que Deus tem planos para tudo. 
Peço muito a Jesus misericórdia para o mundo, misericórdia para a frágil espécie humana. Há uma frase muito sábia do Cristo Jesus que diz: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. 
Madre Tereza de Jerusalém
Não lembro o nome da freira, sei apenas que era funcionária do Vaticano, e que voltaria para sua Santa Maria da Borda do Monte (serra do mar), aposentada e lúcida na fé. Ela era uma segunda Madre Tereza de Jerusalém, que também não será ouvida devido aos enfrentamentos dos governantes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê a sua opinião sobre esta matéria!