terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A viagem


A semelhança entre o Titanic e a nossa civilização
Estou lembrando que no Natal de 1971, eu estava em Belém, Israel, visitando o Templo da Natividade. Eu estava em frente a enorme pedra que ainda resta, pedra que estava no estábulo onde Jesus nasceu. Toquei a pedra. Não orei porque naquele tempo eu não sabia rezar. Mas conhecia bem a história daquele Espírito que veio ao mundo para dividir o Tempo da espécie humana em duas eras – antes e depois dele.
Está completando, portanto, 38 anos que fiz esta linda e impensável peregrinação turística e, desde alguns anos a esta parte, lendo e relendo a História da Humanidade desde a era dos hominídeos, da idade da pedra, do ferro, do bronze, a Babilônia, os egípcios, os celtas e todos os povos da Antiguidade; passando por mais de quinhentos anos do império Romano, as descobertas marítimas, a Inquisição e o Renascimento, pergunto: por que, até hoje, a Humanidade continua entregue a guerras, atrocidades e genocídios? Não é só por atrasos, até porque a nossa civilização avançou muito na área das ciências e da astronomia. Não há dúvida, no plano moral o Cristianismo trouxe progressos vários para o Planeta
– Mas por que, no plano da educação e da fraternidade, prosseguimos estagiando em nível equivalente ao da Idade Média?
Como se explica que dois milênios após o advento de Jesus, líderes mundiais, responsáveis pela condução dos povos terrestres permitam que bilhões de pessoas permaneçam famintas ou subnutridas, ou continuem enfermas e sem assistência, ou trilhando caminhos do analfabetismo? Lembro seguidamente que o médium Chico Xavier, ao responder a uma pergunta feita por repórteres sobre crise e inflação em nosso País, declarou o seguinte:
“O Brasil não está em crise. Não há crise. Temos abundância em plantações, campos verdejantes, rios, florestas, clima temperado, não temos terremotos nem nevascas. Recebemos uma terra generosa em sementes e frutos com chuvas e águas piscosas.”
Sim, todos os que o entrevistávamos, entendemos o recado: Não é a terra, a geografia, nem o chão em que vivemos que originam as crises. As causas das crises são as próprias criaturas que habitam o nosso País. O que motiva as crises cíclicas é o egoísmo dos homens, a gestão inadequada, a má distribuição de renda, a exploração indevida, a corrupção desenfreada, a falta de oportunidades e de compaixão para com os deserdados ou excluídos, milhões e milhões sob a face da Terra.

Ainda há tempo para desviar

Tais males estão globalizados. Nossa civilização tomou um rumo assemelhado ao do luxuoso e trágico supernavio o “Titanic” que, numa noite estrelada cruzando águas calmas no Atlântico Norte, naufragou ao bater num gigantesco e desapercebido iceberg, em abril de 1912. Foi também o naufrágio de esplendorosos sonhos humanos. No festivo dia da inauguração do barco, havia no cais do porto inglês, um ostensivo cartaz que dizia, referindo-se à fortaleza do navio: “Com este nem Deus pode”.
A afiada ponta do iceberg rasgou dezenas de metros do casco ao nível d’água, que levou 3 horas para afundar, sempre com as músicas, as danças nos salões e a champanhe regando mentes e corações, quase até o momento do encobrimento pelas águas geladas. Já que o naufrágio do Titanic era inevitável, o comandante do navio, sem outra alternativa, ordenou que a orquestra continuasse com muita alegria e doses de uísque. Poucos passageiros souberam o que realmente estava acontecendo além do primeiro choque até que a água entrasse pelos corredores inundando tudo. Mais de mil e quinhentas pessoas morreram afogadas enquanto o monumental navio descia ao descanso derradeiro, a 3.800 metros de profundidade. Os homens ficaram então sabendo que Deus podia exterminar com o orgulho dos construtores do célebre barco. Deus sempre pode mais.

Nós escolhemos o caminho

Allan Kardec confirmou em seus livros que o livre-arbítrio vale, inarredavelmente, tanto para os indivíduos como para as comunidades. Fazemos nossas próprias escolhas, lançamos nossas próprias sementes para depois fazermos a colheita correspondente.
Avançamos tão extraordinariamente em tecnologia e deixamos o ser humano com pouca educação e sem rumos, não sabendo nem se quer o que nos acontece no início da vida que sobrevém após a morte e este é o principal nó da nossa ignorância espiritual. No meu pequeno e limitado entender, embora tenha sido um materialista convicto por mais de 50 anos da minha existência, atualmente, continuo me espantando com o avanço científico do homem a contrastar com a ignorância sobre a Lei das Vidas Sucessivas, aquela que nos possibilita avançar pela Lei da Evolução por meio da Misericórdia Divina.
A meu juízo, na atualidade, é impossível alguém acreditar na justiça de Deus sem entender e aceitar a Lei da vida eterna em etapas sucessivas. Vamos lembrar aqui a afirmação de Allan Kardec: “Nascer, morrer, renascer de novo, progredir sempre, tal é a Lei”.

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